quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Interrogante: O propósito de viver é apenas o de sermos capazes de lidar com a existência?

Krishnamurti: Você diz: "é este o propósito da vida?" - Mas por que você quer um propósito para a vida? - Viva! Viver é sua própria finalidade, por que você quer um propósito? Observe: cada um tem seu próprio propósito, o homem religioso o seu propósito, o cientista seu propósito, o homem de família o seu propósito e assim por diante; todos criando divisões. A vida de um homem que tem um propósito está produzindo violência. É tão claro e simples.

Fonte ( em Inglês): http://www.jiddu-krishnamurti.net/en/beyond-violence/1970-04-07-jiddu-krishnamurti-beyond-violence-violence
Por que você quer acreditar em alguma coisa? Por que você quer acreditar na unidade de todos os seres humanos? - Não estamos unidos, isso é um fato, por que você quer acreditar em algo que não é factual. Existe toda essa questão de crença; basta pensar: você tem sua crença e outro tem a crença dele, e nós lutamos e matamos uns aos outros por uma crença.

Você tem crenças porque está com medo? Não? Você acredita que o sol nasce? - Ele está lá para ver, você não tem que acreditar nisso. A crença é uma forma de divisão e, portanto, de violência. Ser livre de violência implica liberdade de tudo o que uma pessoa impõe a outra : crença, dogma, rituais, o meu país, o seu país, o seu Deus e meu Deus, a minha opinião, a sua opinião, o meu ideal. Tudo isso ajuda a dividir os seres humanos e, portanto, geram violência. E, embora as religiões organizadas tenham pregado a unidade da humanidade, cada religião pensa que é muito superior a outra.

Interrogante: Isso significa que aqueles que pregam a unidade estão realmente contribuindo com a divisão.

Krishnamurti: Muito bem, senhor.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Autoconhecimento
O pensar correto não é para ser descoberto através dos livros, através do assistir a umas poucas palestras, ou por escutar meramente algumas idéias de pessoas sobre o que é o pensar correto. O pensar correto é para ser descoberto por nós mesmos através de nós mesmos. O pensar correto vem com o autoconhecimento. Sem autoconhecimento não existe pensar correto.
Sem conhecer-se a si mesmo, o que você pensa e o que sente não pode ser verdadeiro. A raiz de todo entendimento encontra-se no entendimento de si mesmo. Se você pode descobrir quais são as causas de seu pensamento-sentimento, e a partir desta descoberta, saber como pensar-sentir, então existe o começo do entendimento. Sem conhecer-se a si mesmo, a acumulação de idéias, a aceitação de crenças e teorias não têm base. Sem conhecer-se a si mesmo, você sempre será pego na incerteza, dependendo do humor, das circunstâncias. Sem entender-se a si mesmo completamente, você não pode pensar corretamente. Com certeza isto é óbvio. Se eu não sei quais são os meus motivos, minhas intenções, meu “background” (fundo), meus pensamentos-sentimentos particulares, como é que posso concordar ou discordar de outra pessoa? Como posso avaliar ou estabelecer minha relação com outra pessoa? Como posso descobrir qualquer coisa da vida se não conheço a mim mesmo? E conhecer a mim mesmo é uma tarefa enorme, que requer observação constante, uma vigilância meditativa.
Esta é nossa primeira tarefa, mesmo antes do problema da guerra e da paz, dos conflitos econômicos e sociais, da morte e da imortalidade. Estas questões vão surgir, elas hão de surgir, mas na descoberta de nós mesmos, no entendimento de nós mesmos, estas questões serão respondidas corretamente. Assim, aqueles que são realmente sérios nestas questões devem começar por eles mesmos, a fim de entender o mundo do qual são uma parte. Sem entender-se a si mesmo você não pode entender o todo. O autoconhecimento é o começo da sabedoria. É cultivado pela busca individual de si mesmo. Não estou colocando o indivíduo em oposição à massa (ao coletivo). Eles não são antíteses. Você, o indivíduo, é a massa, é o resultado da massa. Se entrar dentro disto profundamente, você irá descobrir por si mesmo. que você é tanto o coletivo quanto o individual. É como um córrego que está constantemente fluindo, deixando pequenos redemoinhos, e a estes redemoinhos chamamos de individualidade, mas eles são o resultado desse constante fluxo de água. Seus pensamentos-sentimentos, aquelas atividades mentais-emocionais, não são o resultado do passado, do que chamamos a multiplicidade?
Você não tem pensamentos-sentimentos similares aos do seu vizinho? Assim, quando falo de indivíduo, não o estou colocando em oposição à massa, ao coletivo. Ao contrário, quero remover este antagonismo. Este antagonismo que coloca em oposição a massa e você, indivíduo, cria confusão e conflito, crueldade e miséria. Mas se pudermos entender como o indivíduo, você, é parte do todo, não apenas misticamente, mas realmente, então nos libertaremos de modo feliz e espontâneo, da maior parte do desejo de competir, de ter sucesso, de iludir, de oprimir, de ser cruel, ou de se tomar um seguidor ou um líder. Então veremos o problema da existência de modo diferente. E é importante entender isto profundamente.
Enquanto nos virmos como indivíduos, separados do todo, competindo, obstruindo, em oposição, sacrificando o coletivo pelo particular, ou sacrificando o particular pelo coletivo, todos aqueles problemas que surgem deste conflitante antagonismo não terão solução feliz e duradoura, pois são o resultado do pensar-sentir incorreto. Agora, quando falo sobre o indivíduo, não o estou colocando em oposição à massa. O que eu sou? Sou um resultado – sou o resultado do passado, de inúmeras camadas do passado, de uma série de causas-efeitos. E como posso estar em oposição ao todo, ao passado, quando sou o resultado daquilo tudo? Se eu, que sou a massa (o coletivo), se não entender a mim mesmo, não apenas entender o que está fora da minha pele, objetivamente, mas subjetivamente, dentro da pele, como posso entender outra pessoa, o mundo? Entender a si mesmo requer desapego amável e tolerante.
Se você não entender a si mesmo, não entenderá nada mais. Pode ter grandes ideais, crenças e fórmulas, mas elas não terão realidade. Serão enganos. Assim, você deve conhecer-se a si mesmo para entender o presente – e através do presente, o passado. Do presente conhecido, as camadas escondidas do passado são descobertas, e esta descoberta é libertadora e criativa. O autoconhecimento requer um estudo objetivo, amável, desapaixonado de nós próprios – nós próprios sendo o organismo como um todo, nosso corpo, nossos sentimentos, nossos pensamentos. Eles não estão separados, mas interligados. É somente quando entendemos o organismo como um todo que podemos ir além – e podemos descobrir coisas mais adiante, maiores, mais vastas.
Mas sem este entendimento primário, sem colocar o alicerce correto para o pensar correto, não podemos prosseguir para alturas maiores. Torna-se essencial produzir em cada um de nós a capacidade de descobrir o que é verdadeiro, pois o que é descoberto é libertador, criativo. Pois o que é descoberto é verdadeiro. Ou seja, se meramente nos conformarmos a um padrão do que deveríamos ser, ou cedermos a um anseio, produziremos certos resultados conflitantes, confusos. Mas no processo do nosso estudo de nós mesmos, estamos numa viagem de autodescoberta, o que traz alegria.
Existe uma certeza no pensar-sentir negativo em vez do pensar-sentir positivo. De uma maneira positiva supomos o que somos, ou cultivamos positivamente nossas idéias em relação a outras pessoas, ou em relação a nossas próprias formulações. E, portanto, dependemos de autoridade, de circunstâncias, esperando com isto estabelecer uma série de idéias e ações positivas. Ao passo que se você examina, verá que existe concordância na negação; existe certeza no pensar negativo, que é a mais alta forma de pensar. Quando você descobrir a negação verdadeira e a concordância na negação, então poderá construir mais adiante no positivo. A descoberta que reside no autoconhecimento é árdua, pois o começo e o fim estão em nós.
Buscar felicidade, amor, esperança fora de nós, leva-nos à ilusão, ao sofrimento; encontrar felicidade, paz, alegria dentro (de nós) requer autoconhecimento. Somos escravos das pressões imediatas e exigências do mundo, e somos desviados por tudo isso e dissipamos nossas energias em tudo isso, e assim temos pouco tempo para estudar a nós mesmos. Estarmos profundamente cientes de nossos motivos, de nossos desejos de alcançar, de vir-a-ser, exige constante atenção interna. Sem o entendimento de nós mesmos, mecanismos superficiais de reforma social e econômica, mesmo que necessários e benéficos, não irão produzir unidade no mundo, mas somente maior confusão e miséria. Muitos de nós pensamos que a reforma econômica de uma ou outra forma vai trazer paz ao mundo; ou que a reforma social, ou uma religião especializada conquistando todas as outras vai trazer felicidade ao homem.
Acredito que haja algo como oitocentas ou mais seitas religiosas neste país, cada uma competindo, fazendo proselitismo. Vocês pensam que uma religião competitiva vai trazer paz, unidade e felicidade à humanidade? Pensam que qualquer religião especializada seja o Hinduísmo, o Budismo ou o Cristianismo, vai trazer paz? Ou devemos colocar de lado todas as religiões especializadas e descobrir a realidade por nós mesmos? Quando vemos o mundo explodido por bombas e sentimos os horrores que estão acontecendo nele; quando o mundo está fragmentado por religiões, nacionalidades, raças e ideologias separadas, qual é a resposta a tudo isso? Não podemos apenas continuar vivendo uma vida curta e morrendo – e esperar que algum bem, advenha disso.
Nós não podemos deixar isso para os outros – trazer felicidade e paz à humanidade, pois a humanidade somos nós mesmos, cada um de nós. Onde se encontra a solução, senão em nós mesmos? Descobrir a resposta real requer profundo pensamento-sentimento e poucos de nós estão dispostos a resolver essa miséria. Se cada um de nós considerar esse problema como jorrando de dentro – e não ser meramente conduzido nessa confusão e miséria pavorosa, então iremos encontrar uma resposta simples e direta. No estudo e, assim, no entendimento de nós mesmos, virá claridade e ordem. E só pode haver claridade no autoconhecimento, que nutre o pensar correto.
O pensar correto vem antes da ação correta. Se nos tornarmos conscientes de nós mesmos e assim cultivarmos o autoconhecimento de onde jorra o pensar correto, então criaremos um espelho em nós que refletirá, sem distorções, todos os nossos pensamentos-sentimentos. Estar assim autoconscientes é extremamente difícil, já que nossas mente estão acostumadas a divagar e a estar distraídas.
Suas divagações, suas distorções são de seu próprio interesse, suas próprias criações. No entendimento disto – e não meramente colocando isto de lado – vem o autoconhecimento e o pensar correto. É apenas por inclusão e não por exclusão, não por aprovação ou condenação ou comparação, que vem o entendimento.
J. Krishnamurti em palestra realizada em Ojai, Califórnia, EUA, 1944




sexta-feira, 9 de agosto de 2013







S
OU ABSOLUTAMENTE LIVRE, O QUE TIVER DE DIZER EU DIGO

“Tudo o que eu tiver de dizer, eu o digo, pois não tenho nenhuma obrigação em relação a ninguém, não tenho nenhum compromisso com ninguém; não pertenço a nenhuma linha partidária. Sou absolutamente livre para ser engraçado, para ser chocante...

Eu nem me importo em me contradizer, pois, para mim, uma pessoa que permanece consistente por toda a sua vida deve ser uma idiota. Uma pessoa em crescimento precisa se contradizer muitas vezes, pois quem sabe o que o amanhã trará? O amanhã pode cancelar completamente este dia, e estou pronto a seguir com a vida sem qualquer hesitação.”

- entrevista que Osho concedeu à mídia mundial, em 1985, quando estava nos Estados Unidos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O homem é o único animal a ser temido.

Vimos um pássaro morrendo, ferido por um homem. Ele voava com uma batida rítmica e lindamente, com liberdade e sem medo. E a arma o acertou; caiu na terra e toda a vida saiu dele. Um cão foi buscá-lo, e o homem juntou outros pássaros mortos. Ele conversava com um amigo e parecia completamente indiferente. Tudo que interessava a ele era abater muitos pássaros e para ele bastava. Estão matando no mundo todo. Aqueles maravilhosos, grandes animais do mar, as baleias, são mortas aos milhões, e o tigre e muitos outros animais estão agora se tornando espécies em extinção. O homem é o único animal a ser temido.

- Krishnamurti

http://goo.gl/T6dHNA
 
Só observação.

Interrogante: Você nos diz para observarmos nossas ações na vida diária, mas qual é a entidade que decide o que observar e quando? Quem decide se a pessoa deveria observar?

Krishnamurti: Você decide observar? Ou você simplesmente observa? Você decide e diz, “Eu vou observar e aprender”? Porque então vem a pergunta: “Quem está decidindo?” É a vontade que diz, “Eu devo”? E quando isto falha, ela se castiga e diz, “Eu devo, devo, devo; nisso há conflito; portanto, o estado da mente que decidiu observar não é de fato observação. Você está andando por uma rua, alguém passa por você, você observa e pode dizer para si mesmo, “Como ele é feio; como ele cheira; quero que ele não faça isso ou aquilo”. Você está consciente de suas reações ao passante, está consciente que está julgando, condenando ou justificando; você está observando. Você não diz, “Eu não devo julgar, não devo justificar”. Ao estar consciente de suas reações, não há de fato decisão. Você vê alguém que lhe insultou ontem. Imediatamente você está pronto para a luta, fica nervoso ou ansioso, começa a não gostar; estar consciente de seu desgosto, estar consciente de tudo isso, não “decidir” estar consciente. Observar, e nessa observação não há nem o “observador” nem o “observado” – existe apenas a observação acontecendo. O “observador” só existe quando você acumula na observação; quando diz, “Ele é meu amigo porque me elogiou”, ou, “Ele não é meu amigo, porque disse alguma coisa desagradável sobre mim, ou alguma coisa verdadeira de que não gosto”. Isso é acumulação através da observação e essa acumulação é o observador. Quando você observa sem acumulação, então não há julgamento. Você pode fazer isto o tempo todo; nessa observação naturalmente certas decisões definidas são tomadas, mas as decisões são resultados naturais, não decisões feitas pelo observador que acumulou.

J.Krishnamurti - http://goo.gl/Apmfl2
 
Você se torna a coisa com que luta.

Certamente você se torna a coisa com que luta. Se estou com raiva e você me encontra com raiva, qual é o resultado? Mais raiva. Você se tornou aquilo que eu sou. Se eu sou mau e você luta comigo com mal então você também se torna mau, conquanto correto possa sentir. Se eu sou bruto e você usa métodos brutais para me dominar, então você se torna bruto como eu. E isto nós fizemos durante milhares de anos. Certamente existe uma abordagem diferente de enfrentar o ódio com ódio. Se uso métodos violentos para subjugar a raiva em mim mesmo então estou usando meios errados para um fim correto, e por isso o fim certo deixa de existir. Nisto não há compreensão; não transcender a raiva. A raiva é para ser estudada tolerantemente e compreendida; não é para ser dominada por meios violentos. A raiva pode ser resultado de muitas causas e sem compreendê-las não há libertação da raiva.
Nós criamos o inimigo, o bandido, e nos tornarmos o inimigo de modo algum leva a um fim da animosidade. Temos que compreender a causa da animosidade e parar de alimentá-la com nosso pensamento, sentimento e ação. Esta é uma tarefa árdua que exige constante conscientização e inteligente flexibilidade, pois o que somos a sociedade, o estado é. O inimigo e o amigo são o resultado de nosso pensamento e ação. Somos responsáveis por criar animosidade e assim é mais importante estar consciente de nosso próprio pensamento e ação do que estar preocupado com o adversário e o amigo, porque o pensamento correto põe fim à divisão. O amor transcende o amigo e o inimigo.

-J.Krishnamurti, The Book of Life.

http://goo.gl/2hp1D3
 
Podeis banir completamente o ideal?

"Alguns dentre nós, a fim de se libertarem da violência, têm-se servido de um conceito, de um ideal chamado "não violência", e pensamos que, tendo um ideal que seja o oposto da violência - a não violência - podemos libertar-nos do fato, da coisa real; mas não podemos. Temos tido inumeráveis ideais, todos os livros sagrados estão cheios deles e, contudo, continuamos violentos; portanto, por que não enfrentar a própria violência e esquecer de todo a palavra?

Se desejais compreender a realidade, a isso deveis aplicar toda a vossa energia. Essa atenção e energia são desviadas quando se cria um mundo fictício, ideal. Assim, podeis banir completamente o ideal? O homem que é realmente sério, que sente a ânsia de descobrir o que é a verdade, o que é o amor, não tem conceito de espécie alguma. Só vive dentro de o que é.

Para investigar o fato de vossa própria cólera, não deveis pronunciar julgamento sobre ela, porque no mesmo instante em que concebeis o seu oposto, a estais condenando e, por conseguinte, não podeis vê-la tal como é. Quando dizeis que não gostais ou que tendes ódio de alguém, isso é um fato, embora pareça terrível. Se o olhais, se o examinais cabalmente, ele deixa de existir; mas se disserdes "Eu não devo odiar; devo ter amor no coração", ficais então vivendo num mundo hipócrita, de duplos padrões. Viver com plenitude no momento presente é viver com o que é, o real, sem ideia de condenação ou justificação; então o compreendeis tão completamente que ficais livre dele. Quando se vê claramente, o problema está resolvido."

Jiddu Krishnamurti - Liberte-se do Passado, Sexta Parte.

Texto completo: http://goo.gl/ecAxma
 
O silêncio chega… quando você sabe observar.

O silêncio da mente chega naturalmente – por favor ouçam isto – chega naturalmente, facilmente, sem qualquer esforço se você souber observar, olhar. Quando você observar uma nuvem, olhe para ela sem a palavra e portanto sem o pensamento, olhe para ela sem a divisão como observador. Então há uma consciência e uma atenção no próprio ato de olhar: não a determinação de estar atento, mas olhar com atenção, mesmo que esse olhar possa durar apenas um segundo, um minuto – isso é suficiente. Não seja ganancioso, não diga “Tenho que ter isso durante todo o dia”. Olhar sem o observador significa olhar sem o espaço entre o observador e a coisa observada, o que não significa identificar-se com a coisa que é olhada.

Portanto quando se consegue olhar para uma árvore, para uma nuvem, para a luz sobre a água, sem o observador, e também – o que é muito mais difícil, o que precisa de uma maior atenção – se você conseguir olhar para si mesmo sem a imagem, sem qualquer conclusão, porque a imagem, a conclusão, a opinião, o juízo, a bondade e a maldade, estão centrados em torno do observador, então você descobrirá que a mente, o cérebro, se torna extraordinariamente tranquilo. E essa tranquilidade não é uma coisa a ser cultivada; ela pode acontecer, ela acontece sim, se você estiver atento, se você for capaz de observar o tempo todo, observar os seus gestos, as suas palavras, os seus sentimentos, os movimentos do seu rosto e tudo o mais.

- J.Krishnamurti |

http://goo.gl/LqqoOb
 


http://goo.gl/mSYv7B
 
O silêncio e o sagrado.

Há a beleza do amor, a beleza da compaixão. E há também a beleza de uma rua limpa, da boa forma arquitetônica de um edifício; há a beleza de uma árvore, a bela folha, os notáveis grandes ramos. Ver tudo isso é beleza: não meramente ir a museus e falar incessantemente acerca da beleza. O silêncio de uma mente tranquila é a essência dessa beleza. Porque está silenciosa e porque não é o joguete do pensamento, então nesse silêncio chega aquilo que é indestrutível, que é sagrado. Na vinda daquilo que é sagrado a vida torna-se então sagrada, a sua vida torna-se sagrada, a nossa relação torna-se sagrada, tudo se torna sagrado porque você tocou essa coisa que é sagrada.

J.Krishnamurti - http://goo.gl/PxQ6jV

 
É possível uma vida religiosa?

É possível uma vida religiosa neste mundo moderno? O que não significa tornar-se um monge ou juntar-se a um grupo organizado de monges. Seremos capazes de descobrir por nós mesmos o que é realmente, verdadeiramente uma vida religiosa, somente quando entendermos o que as religiões realmente são e deixarmos de lado tudo isso, e não pertencermos a nenhuma religião, a nenhuma religião organizada, a nenhum guru e não tivermos nenhuma autoridade psicológica ou pretensamente espiritual. Não existe absolutamente nenhuma autoridade espiritual. Esse é um dos crimes que cometemos – inventamos o mediador entre a verdade e nós próprios.
Então você começa a indagar o que é religião, e no próprio processo desta indagação você está vivendo uma vida religiosa, não no fim dela. No próprio processo de olhar, observar, discutir, duvidar, questionar, e não tendo crença ou fé, você já está vivendo uma vida religiosa.

J.Krishnamurti - http://goo.gl/8DRgNx

 
"Os ensinamentos são importantes por si mesmos e intérpretes ou comentadores apenas os distorcem, sendo aconselhável ir diretamente à fonte, os próprios ensinamentos, e não valer-se de nenhuma autoridade” (Krishnamurti)
Uma visão geral sobre a vida e obra de Krishnamurti.

Krishnamurti não pertencia a nenhuma organização religiosa, seita ou país, nem estava associado a qualquer escola política ou pensamento ideológico. Pelo contrário, ele afirmou que estes são os verdadeiros fatores que dividem os seres humanos e que trazem o conflito e a guerra. Ele lembrava incessantemente aos seus ouvintes que antes de sermos hindus, muçulmanos, ou cristãos, somos seres humanos, que somos iguais ao resto da humanidade e que não somos diferentes uns dos outros. Ele pediu que andemos suavemente por esta terra sem nos destruir ou ao meio ambiente. Ele transmitiu aos seus ouvintes um profundo senso de respeito pela natureza. Seus ensinamentos transcendem os sistemas de crenças feitos pelo homem, o sentimento de nacionalismo e de sectarismo. Ao mesmo tempo, eles dão um novo sentido e direção à busca da humanidade pela verdade. Seus ensinamento, além de serem relevantes à idade moderna, são atemporais e universais.

Texto completo: http://goo.gl/RVNOjd
 
Religião é a cessação do “eu”.

Compartilhamos isso juntos? Porque é sua vida, não a minha vida. É sua vida de dor, de tragédia, de confusão, culpa, recompensa, punição. Tudo isso é sua vida. Se vocês são sérios tentaram desemaranhar tudo isso. Leram algum livro, ou seguiram um professor, ou escutaram alguém, mas o problema permanece. Estes problemas existirão enquanto a mente humana se mover dentro do campo da atividade do eu; essa atividade do eu tem de criar cada vez mais e mais problemas. Quando você observar, quando você se tornar extraordinariamente consciente desta atividade do eu, então a mente se torna extraordinariamente tranquila, sensata, saudável, sagrada. E a partir deste silêncio nossa vida na atividade diária é transformada.

Religião é a cessação do "eu" e a ação nascida desse silêncio. Essa vida é uma vida sagrada cheia de significado.

J.Krishnamurti - http://goo.gl/djlGzC

 
O homem sempre indagou: Qual a finalidade de tudo isto? Tem a vida alguma significação? Vendo a enorme confusão reinante na vida, as brutalidades, as revoltas, as guerras, as intermináveis divisões da religião, da ideologia, da nacionalidade, pergunta o homem, com um profundo sentimento de frustração, o que se deve fazer, o que é isso que se chama viver e se alguma coisa existe além de seus limites.

E, não podendo encontrar essa coisa sem nome e de mil nomes que sempre buscou, o homem cultivou a fé - fé num salvador ou num ideal, a fé que invariavelmente gera a violência.

Nesta batalha constante que chamamos "viver", procuramos estabelecer um código de conduta, conforme a sociedade em que somos criados, quer seja uma sociedade comunista, quer uma pretensa sociedade livre; aceitamos um padrão de comportamento como parte de nossa tradição hinduísta, muçulmana, cristã ou outra. Esperamos que alguém nos diga o que é conduta justa ou injusta, pensamento correto ou incorreto e, pela observância desse padrão, nossa conduta e nosso pensar se tornam mecânicos, nossas reações, automáticas. Pode-se observar isso muito facilmente em nós mesmos.

J.Krishnamurti - Liberte-se do Passado.


Texto completo: http://goo.gl/CW3TD
 
Pergunta: Pode a mente religiosa ser adquirida pela meditação?

Krishnamurti: A primeira coisa que se deve compreender é que ninguém pode adquiri-la, ninguém pode obtê-la, e que ela não pode ser produzida pela meditação. Nem virtude, nem sacrifício, nem meditação, nada sobre a Terra pode comprá-la. O senso de alcançar, realizar, adquirir, comprar, deve cessar totalmente, para que ela SEJA. Não se pode fazer uso da meditação. A coisa de que estive falando é a meditação. Descobrir a cada momento da vida diária o que é falso, isso é meditação. A meditação não é uma certa coisa para a qual fugimos, uma certa coisa em que se nos dão visões e toda sorte de sensações; isso é auto-hipnose, infantilidade. Mas observar cada momento do dia, ver como o vosso pensamento está funcionando, ver o mecanismo de defesa em ação, ver os temores, ambições, a avidez, a inveja – observar tudo isso, investigá-lo a todas as horas, isso é meditação, ou faz parte dela. Sem se lançar a base adequada, não há meditação, e o lançamento da base adequada consiste em ser livre de ambição, inveja, avidez e todas as coisas que criamos em defesa própria. Não precisais procurar ninguém para dizer-vos o que é a meditação ou para receberdes um método. Posso descobrir com muita simplicidade, pela observação de mim mesmo, quanto sou ou não sou ambicioso. Ninguém mo precisa dizer; eu o sei. Extirpar a raiz, o tronco, o fruto da ambição, vê-la e destruí-la totalmente – eis o que é absolutamente necessário. Vede, queremos ir muito longe, sem darmos o primeiro passo. E vereis, se derdes o primeiro passo, que ele é também o último passo – não há outro passo.

J. Krishnamurti.

O PASSO DECISIVO (Páginas, 196, 197)

http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/2012/08/a-mentalidade-religiosa.html
 
Vivemos de palavras, e nossas vidas são superficiais e vazias.

"Durante séculos fomos amparados por nossos instrutores, nossas autoridades, nossos livros, nossos santos. Pedimos: "Dizei-me tudo; mostrai-me o que existe além dos montes, dasmontanhas e da Terra" - e satisfazemo-nos com suas descrições, quer dizer, vivemos de palavras, e nossas vidas são superficiais e vazias. Não somos originais. Temos vivido das coisas que nos tem dito, ou guiados por nossas inclinações, nossas tendências, ou impelidos a aceitar pelas circunstâncias e o ambiente. Somos o resultado de toda espécie de influências e em nós nada existe de novo, nada descoberto por nós mesmos, nada original, inédito, claro.

Consoante a história teológica garantem-nos os guias religiosos que, se observarmos determinados rituais, recitarmos certas preces e versos sagrados, obedecermos a alguns padrões, refrearmos nossos desejos, controlarmos nossos pensamentos, sublimarmos nossas paixões, se nos abstivermos dos prazeres sexuais, então, após torturar suficientemente o corpo e o espírito, encontraremos uma certa coisa além desta vida desprezível. É isso o que tem feito, no decurso das idades, milhões de indivíduos ditos religiosos, quer pelo isolamento, nos desertos, nas montanhas, numa caverna, quer peregrinando de aldeia em aldeia a esmolar, quer em grupos, ingressando em mosteiros e forçando a mente a ajustar-se a padrões estabelecidos. Mas, a mente que foi torturada, subjugada, a mente que deseja fugir a toda agitação, que renunciou ao mundo exterior e se tornou embotada pela disciplina e o ajustamento - essa mente, por mais longamente que busque, o que achar será em conformidade com sua própria deformação."

J.Krishnamurti - Liberte-se do Passado.

Texto completo: http://goo.gl/CW3TD
 
Meditação é o total "esvaziamento" da mente — e não pode se esvaziar a mente à força, de acordo com um certo método, escola ou sistema. Mais uma vez, é necessário perceber a extrema falácia de todos os sistemas. A prática de um sistema de meditação é busca de experiência; é esforço para alcançar uma experiência mais elevada, ou a experiência final; e quem compreende a natureza da experiência rejeita tudo isso, que se acaba para sempre, porque sua mente já não está seguindo ninguém; ela não busca experiência, e não tem nenhum desejo de visões. Toda a busca de visões, todo intento de aumentar a sensibilidade por meios artificiais, — drogas, disciplinas, rituais, adoração, oração — constitui atividade egocêntrica.

Krishnamurti - Saanen, Suíça, 30 de julho de 1964.

http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2012/01/o-que-e-meditacao-e-mente-iluminada.html
 
Para entender Deus.

Para entender Deus, você precisa primeiro entender sua própria mente - o que é muito difícil. A mente é muito complexa, e entendê-la não é fácil. Mas é bastante fácil sentar-se e entrar em algum tipo de sonho, ter várias visões, ilusões, e então pensar que se está muito próximo de Deus. A mente pode enganar-se enormemente. Assim, para realmente experimentar aquilo que poderia ser chamado de Deus, você precisa estar completamente quieto - e vocês não descobriram o quão difícil isso é? Vocês não perceberam que até mesmo as pessoas mais velhas nunca sentam-se quietas, como elas impacientam-se, como meneam os dedos dos pés e mexem as mãos? É difícil ficar parado fisicamente, e tão mais difícil para a mente ficar parada! Você pode seguir algum guru e forçar a sua mente a ficar quieta; mas a sua mente não está quieta realmente. Ela ainda está inquieta, como uma criança que se faz ficar em um canto. É uma grande arte para a mente ficar completamente silenciosa sem coerção, e somente então existe uma possibilidade de ter a experiência daquilo que pode ser chamado de Deus.

J.Krishnamurti - http://goo.gl/x4vJq

 
Liberdade é observação pura sem direção.

"O homem construiu em si próprio imagens como uma cerca de segurança – religiosa, política, pessoal. Estas manifestam-se como símbolos, ideias, crenças. A carga destas imagens domina o pensar do homem, as suas relações e a sua vida quotidiana. Estas imagens são as causas dos nossos problemas porque separam o homem do homem. A sua percepção da vida está moldada pelos conceitos já estabelecidos na sua mente. O conteúdo da sua consciência é toda a sua existência. A individualidade é o nome, a forma e a cultura superficial que ele adquire da tradição e do meio. A singularidade do homem não reside no superficial mas na libertação completa do conteúdo da sua consciência, que é comum a toda a humanidade. Ele não é portanto um indivíduo.

A liberdade não é uma reação; a liberdade não é uma opção. É pretensão do homem achar que, porque tem opção, é livre. Liberdade é observação pura sem direção, sem medo da punição e da recompensa. A liberdade existe sem motivo; a liberdade não está no fim da evolução do homem, mas jaz no primeiro passo da sua existência. Na observação começamos a descobrir a falta de liberdade. A liberdade encontra-se na consciência sem escolha da nossa vida e atividades cotidianas."

J.Krishnamurti » O Núcleo dos Ensinamentos :http://goo.gl/DXQqAd

 
Só através da compreensão do conflito podemos descobrir o que é real.

Ora para mim, existe uma realidade viva. Existe algo que devém eternamente, algo fundamental, real, duradouro, mas que não pode ser preconcebido; não requer crenças, requer uma mente que não esteja acorrentada a um ideal tal como um animal está atado a um poste, mas que pelo contrário, requer uma mente que esteja continuamente a mover-se, a experimentar, nunca permanecendo. Eu afirmo que há uma realidade viva; chamem-lhe Deus, verdade, o que quiserem, coisa que é de muito pouca importância – e para compreenderem isso, é preciso haver suprema inteligência, e por isso não pode haver qualquer conformidade, mas antes o questionamento dessas coisas falsas e verdadeiras em que a mente se encontra aprisionada. E verão que a maior parte das pessoas, a maior parte de vocês são religiosamente propensos, estão à procura da verdade, e essa mesma procura indica que estão a fugir do conflito do presente, ou que estão insatisfeitos com a situação presente. Por isso tentam descobrir o que é real; isto é, deixam a situação que cria conflito e fogem e tentam descobrir o que é Deus, o que é a verdade. Por isso essa procura é a negação da verdade, porque estão a fugir – há evasão, desejo de conforto, de segurança. Por isso, quando as religiões se baseiam, como o fazem, na oferta de seguranças, tem que haver exploração; e para mim as religiões tal como são subsistem em nada mais do que numa séria de explorações. Aquilo a que chamamos os mediadores entre o nosso presente conflito e essa suposta realidade tornaram-se os nossos exploradores, e eles são os sacerdotes, os mestres, os professores, os salvadores; porque eu afirmo que só através da compreensão do conflito presente com todo o seu significado, com todas os seus delicados matizes – só assim podem descobrir o que é real, e ninguém os pode conduzir a isso.

J.Krishnamurti - O que é a ação correta?

Texto completo: http://goo.gl/Y3RAOw

 
O que somos, o mundo é. 

Você sabe o que está acontecendo no mundo? O que está acontecendo no mundo é uma projeção do que está acontecendo no interior de cada um de nós, pois, o que somos, o mundo é. Vivemos quase todos agitados, dominados pelo espírito de aquisição e posse, pelo ciúme, e condenando outras pessoas; a mesma coisa, exatamente, está ocorrendo no mundo, apenas de maneira mais dramática e mais cruel. Mas, nem você e nem seus mestres passam tempo algum refletindo sobre tudo isso; e só quando você passa algum tempo, cada dia, refletindo sobre estas questões, existe a possibilidade de realizar uma revolução total e de criar um novo mundo. E é necessário criar um novo mundo, um mundo que não represente uma continuação, em forma diferente, desta mesma sociedade corrompida. Mas você não pode criar um mundo novo, se sua mente não está em estado de alerta, vigilante, intensamente consciente. Por isso tanto importa, enquanto você é jovem, aplicar algum tempo para refletir sobre estas importantíssimas questões, e não apenas passar os dias estudando matérias, que a nada conduzem senão a um emprego e à morte. Considere, pois, seriamente estas coisas, pois, em virtude dessa consideração, nascerá um extraordinário sentimento de alegria, de felicidade.

Krishnamurti — A cultura e o problema humano.

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Buscar a felicidade, é acabar com a felicidade.

A felicidade não pode ser buscada; ela é um resultado, um produto secundário. Nenhuma significação tem em perseguir a felicidade. A felicidade vem sem ser chamada; e, no momento em que você se torna consciente de ser feliz, já não é feliz. Não sei se você já notou isso. Quando você sente subitamente muita alegria por causa de nada em particular, você está fruindo a liberdade de sorrir e ser feliz. Mas, se você se torna consciente disso, neste mesmo momento o perde, não é verdade? Tornar-se consciente de ser feliz, ou buscar a felicidade, é acabar com a felicidade. Só há felicidade quando o “eu” e suas exigências foram colocados de lado.

Krishnamurti — A cultura e o problema humano

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