quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Krishnamurti — Sobre a crença em Deus

Pergunta: A crença em Deus foi sempre poderoso incentivo para uma vida melhor. Por que negais a Deus? Por que não procurais reanimar a fé do homem na ideia de Deus?

krishnamurti: Consideremos este problema com amplitude e de maneira inteligente. Eu não nego Deus; seria absurdo fazê-lo. Só o homem que não conhece a realidade se entretém com palavras sem significação. O homem que diz que sabe, não sabe. O homem que conhece a realidade, momento por momento, não tem meios de comunicar essa realidade. A crença é negação da verdade, a crença é um obstáculo à verdade; crer em Deus não é achar a Deus. Nem o crente nem o descrente acharão a Deus. Porque a realidade é o desconhecido, e vossa crença ou descrença do desconhecido é simples autoprojeção, e por conseguinte não é real. Sei que credes e sei que isso tem muito pouca significação na vossa vida. Há muitas pessoas que crêem; milhões crêem em Deus e encontram consolo nisso. Em primeiro lugar, por que credes? Credes porque isso vos dá satisfação, consolo, esperança, e dizeis que essas coisas dão sentido à vida. Na realidade, vossa crença tem muito pouca significação, porque credes e explorais.
Credes e matais, credes em um Deus universal e vos assassinais mutuamente. O rico também crê em Deus; explora impiedosamente, acumula dinheiro, e depois manda construir uma igreja ou se torna filantropo.

Os homens que lançaram a bomba atômica sobre Hiroxima disseram que Deus os acompanhava; os que voavam da Inglaterra para destruir a Alemanha, diziam que Deus era seu co-piloto. Os ditadores, os primeiros ministros, os generais, os presidentes, todos falam de Deus e têm fé imensa em Deus. Estão prestando algum serviço tornando melhor a vida do homem? As mesmas pessoas que dizem crer em Deus, devastaram a metade do mundo, e o deixaram em completa miséria. A intolerância religiosa, dividindo os homens em fiéis e infiéis, conduz a guerras religiosas. Isso mostra nosso estranho senso político.

A crença em Deus é "poderoso incentivo para uma vida melhor" ? Por que precisais de um incentivo para viver melhor? Ora, por certo, vosso incentivo deve ser vosso próprio desejo de viver com pureza e simplicidade, não achais? Se conferis tanta importância ao incentivo, não estais interessado em tornar a vida possível para todos: estais interessado unicamente no vosso in­centivo, que é diferente do meu incentivo — e brigaremos por causa dos nossos incentivos. Se vivemos felizes e unidos, não porque cremos em Deus, mas porque somos humanos, compartilharemos os diferentes meios de produção, a fim de produzirmos, para todos, as coisas necessárias. Em virtude da nossa falta de inteligência, aceitamos a ideia de uma superinteligênda, a que chamamos Deus; mas esse Deus, essa superinteligência, não nos dará uma vida melhor. O que conduz a uma vida melhor é a Inteligência; e não pode haver inteligência se há crenças, se há divisões de classes, se os meios de produção se encontram nas mãos de poucos, se há nacionalidades isoladas e governos soberanos. Tudo isso indica, por certo, evidente falta de inteligência, e é isso que nos está privando de uma vida melhor, e não a falta de crença em Deus.

Todos vós credes, de diferentes maneiras, mas vossa crença não tem realidade alguma. A realidade é o que sois, o que fazeis, o que pensais, e vossa crença em Deus é apenas uma fuga do vosso viver monótono, estúpido, e cruel. Além disso, a crença, invariavelmente, separa os homens: temos o hinduísta, o budista, o cristão, o comunista, o capitalista, etc. A crença, a ideia, divide, não une os homens. Será possível unir certo número de pessoas em um grupo, mas este grupo se oporá a outro grupo. Ideias e crenças nunca são unificadoras, ao contrário, são fatores de desavença, desintegração e ruína. Por conseguinte, vossa crença em Deus só está, na verdade, espalhando misérias pelo mundo. Ainda que vos tenha trazido momentâneo conforto, na realidade ela trouxe mais sofrimentos e mais destruição, sob a forma de guerras, fome, divisões de classe, e as crueldades de certos indivíduos. Vossa crença, pois, é sem eficácia. Se deveras crêsseis em Deus, se isso fosse uma experiência real, vossos semblantes irradiariam afeto, e não estaríeis destruindo vossos semelhantes.

Mas, que é a realidade, que é Deus? Deus não é a palavra; a palavra não é a coisa. Para conhecer aquilo que é imensurável, independente do tempo, a mente deve estar livre do tempo, o que significa que deve estar livre de todo pensamento, de todas as ideias relativas a Deus. Que sabeis de Deus ou da verdade? De fato nada sabeis daquela realidade. O que conheceis são só palavras, experiências de outrem, ou alguns momentos de experiências um tanto vagas, de vós mesmos. Isso, naturalmente, não é Deus, não é a realidade, não está fora da esfera do tempo. Para conhecer o que está além do tempo, é preciso compreender o processo do tempo, sendo o tempo pensamento, processo de "vir a ser", acumulação de conhecimentos. Aí está todo o fundo que constitui a mente; a mente, ela própria, é o fundo, consciente e inconscientemente, coletiva e individualmente. A mente, por conseguinte, deve estar livre do conhecido, o que significa que deve estar de todo silenciosa, sem ter sido posta em silêncio. A mente que alcança o silêncio como resultado, como consequência de determinada ação, exercício, disciplina, não é mente silenciosa. A mente que é constrangida, controlada, moldada, posta numa forma e obrigada a ficar quieta, não é mente tranquila. Podeis conseguir, por certo período de tempo, forçar a mente a um silêncio superficial, mas essa mente não é tranquila. A tranquidade só pode vir quando se compreende todo o processo de pensamento, porque, compreender o processo é pôr-lhe fim, e o fim do processo de pensamento é o começo do silêncio.

Só quando a mente se acha em silêncio completo, não só na superfície, mas no fundo, de ponta a ponta, tanto nos níveis superficiais como nos níveis mais profundos da consciência — só então pode o desconhecido manifestar-se na existência. O desconhecido não é passível de ser experimentado pela mente; só o silêncio pode ser experimentado; nada mais senão o silêncio. Se a mente experimenta algo que não seja silêncio, está apenas projetando seus próprios desejos e portanto não está em silêncio; enquanto a mente não está silenciosa, enquanto o pensamento, sob qualquer forma, consciente ou inconsciente, se acha em movimento, não pode haver silêncio. Silêncio é liberdade, é estar livre do passado, do saber, da memória, tanto consciente como inconsci ente. Quando a mente está silenciosa de todo, quando não está em uso, quando há o silêncio que não é produto de esforço, só então se manifesta o atemporal, o eterno. Esse estado não é um es tado de lembrança; não há nele entidade que se recorda, que ex perimenta.

Por consequência, Deus ou a verdade — ou como quiserdes chamá-lo — é algo que se manifesta de momento a momento, e isso só pode acontecer num estado de liberdade e espontaneidade, e não quando a mente foi disciplinada, de acordo com uma pa drão. Deus não é produto da mente, não é resultado de autoprojeção; só pode surgir quando há virtude, que é liberdade. Virtude é enfrentar o fato, o que é. E enfrentar o fato é um estado de bem-aventurança. Só quando a mente está repleta de felicidade, tranquila, imóvel, sem nenhuma projeção de pensamento, cons ciente ou inconsciente — só então se manifesta o Eterno.

Krishnamurti
A Primeira e Última Liberdade
Esteja presente como o observador da sua mente - de seus pensamentos e emoções, bem como suas reações em várias situações. Seja pelo menos tão interessado em suas reações como na situação ou pessoa que faz você reagir.

Observe também quantas vezes sua atenção está no passado ou no futuro. Não julgue ou analise o que você observa.

Assista o pensamento, a emoção, observe a reação. Não os torne um problema pessoal. Então você vai sentir algo mais poderoso do que qualquer uma dessas coisas que você observa: a presença observadora imóvel, por trás do conteúdo da sua mente, o observador silencioso."

~ Eckhart Tolle
O apego invariavelmente produz medo.

A pessoa pode ter um dom particular, como um músico, que é tremendamente apegado a seu instrumento ou ao cultivo de sua voz. E quando o instrumento ou a voz falha, ele fica completamente perdido, seus dias acabaram. Ele pode pôr no seguro suas mãos ou seu violino, ou pode se tornar maestro, mas ele sabe pelo apego que a inevitável escuridão do medo está esperando. Pergunto se cada um de nós – se somos realmente sérios – examinou esta questão, porque liberdade significa liberdade de todo o apego e, portanto, de toda dependência. Uma mente que está apegada não é objetiva, clara, não pode pensar sensatamente e observar diretamente.

- J.Krishnamurti -

The Impossible Question Part II Chapter 3

http://www.jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20120914.php
 


A ocupação da mente.

Por favor, ouça calmamente: sabemos que o pensamento produz medo. Uma das funções do pensamento é estar ocupado, estar pensando alguma coisa o tempo todo. Como a dona de casa que pensa na comida, nas crianças, na limpeza – essa é toda sua ocupação; tire essa ocupação, e ela ficará perdida, se sentirá totalmente desconfortável, solitária, infeliz. Ou tire o Deus do homem que adora Deus, que está ocupado com Deus; ele ficará totalmente perdido. Assim, o pensamento deve ficar ocupado com uma coisa ou outra, ou com ele mesmo ou com política, ou em como criar um mundo diferente, uma ideologia diferente e assim por diante; a mente tem que estar ocupada. E a maioria de nós quer estar ocupada; de outra forma nos sentiríamos perdidos, de outra forma não sabemos o que fazer, estaremos sozinhos, seremos confrontados com o que realmente somos. Compreende? Então você fica ocupado, o pensamento fica ocupado – o que impede você de olhar para si mesmo, para o que você realmente é.

- J.Krishnamurti -

Bombay 1st Public Talk 19th February 1967

http://www.jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20120915.php
 
A sociedade é para o indivíduo, ou o indivíduo é para a sociedade?

Um problema se oferece à maioria de nós: se o indivíduo é simples instrumento ou fim da sociedade. Vós e eu, como indivíduos, existiremos para sermos utilizados, dirigidos,educados, controlados, ajustados a um certo padrão pela sociedade e pelo governo, ou a sociedade, o Estado, existirão para o indivíduo? O indivíduo é o fim da sociedade; ou apenas um fantoche, que existe para ser ensinado, explorado, massacrado como instrumento de guerra? Eis o problema que está nos desafiando. É o problema do mundo: se o indivíduo é mero instrumento da sociedade, um brinquedo à mercê de influências, pelas quais é moldado, ou se a sociedade existe para o indivíduo.

(...) Se o indivíduo é mero instrumento da sociedade, a sociedade, nesse caso, é muito mais importante que o indivíduo. A ser verdadeira tal afirmação, o que devemos fazer, então, é abandonar a individualidade e trabalhar para a sociedade; todo o nosso sistema educativo terá de ser revolucionado de alto a baixo e o indivíduo convertido num instrumento para ser usado e destruído, liquidado, eliminado. Mas, se a sociedade existe para o indivíduo, a função da sociedade não é então obriga-lo a ajustar-se a um padrão e sim dar-lhe o senso de liberdade, o impulso para a liberdade. Cumpre-nos, pois, averiguar qual das duas é falsa.

(...) Para se achar a verdade relativa a esta questão, é preciso estarmos livres de tudo quanto é propaganda, o que significa estarmos habilitados a estudar o problema independente da opinião. A tarefa da educação se cifra, toda ela, no despertar do indivíduo. Pra perceberdes tal verdade, precisais estar perfeitamente lúcidos, isto é, não deveis depender de guia algum. Quando escolheis um guia, o fazeis porque estais em confusão, e portanto, vossos guias acham-se também confusos, como estamos vendo acontecer no mundo. Consequentemente não podeis esperar orientação ou ajuda de vosso guia.

Krishnamurti —A primeira e última liberdade

Texto completo:http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2013/02/a-sociedade-e-para-o-individuo-ou-o.html
 
Onde há o seguir, há medo.

Se um homem deseja obedecer e seguir a um outro, ninguém o pode impedir; porém é o superlativo da falta de inteligência e leva a grande infelicidade e frustração.

Se aqueles de vocês que estão me ouvindo, começarem a pensar real e profundamente a respeito da autoridade, não mais seguirão a ninguém, inclusive a mim mesmo. Como disse, porém, é muito mais fácil seguir e imitar do que, realmente, libertar o pensamento da limitação do medo, e bem assim, da compulsão e da autoridade.

Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK

http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2013/04/onde-ha-o-seguir-ha-medo.html
 
Temos que pensar de forma renovada.

Eu vos pediria, ao me escutardes, que ultrapassásseis essa ilusão cômoda e confortável que fez dividir o pensamento em oriental e ocidental. A verdade sobrepuja todos os climas, povos e sistemas. Se bem que eu venha da Índia, o que digo não se acha condicionado pelo pensamento desse país. Preocupo-me com o sofrimento humano, que existe por todo o mundo. Peço-vos que não repudieis o que digo sob a alegação de que não é pratico e sim apenas uma certa forma de misticismo oriental. Eu vos pediria também que não pensásseis eivados de fórmulas, de sistemas, de frases feitas, porém, que libertásseis a mente desse fundo de ideias herdado de múltiplas gerações, e pensásseis de forma nova, direta e simplesmente. Por favor, não penseis que chamando-me anarquista, comunista ou dando-me qualquer outro nome que vos convenha, haveis compreendido o que eu disse. Temos que pensar de forma renovada, compreender o problema humano como um todo e, somente então, poderemos viver harmoniosa e inteligentemente. Onde houver verdadeiro preenchimento individual, haverá também verdadeiro bem estar do todo, da coletividade.

Se cada qual de vós puder ter plenitude, viver em completa harmonia — coisa que exige grande inteligência e não a persecução de desejos egoístas — então haverá o bem estar para o todo. Posto que necessitemos de uma completa revolução do pensamento e do desejo, deve ela ser a resultante da compreensão voluntária por parte do individuo e não a da compulsão.

- Krishnamurti - Do livro: Krishnamurti no Chile e no México em 1935 - ICK

http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2010/02/sobre-busca-de-seguranca.html
 
https://www.youtube.com/watch?v=-SkAHakHo1E
Não nos vemos um ao outro como realmente somos.

"É só quando vemos sem nenhum preconceito, nenhuma imagem, que somos capazes de estar em direto contato com alguma coisa na vida. Todas as nossas relações baseiam-se, com efeito, em imagens formadas pelo pensamento. Se tenho uma imagem a respeito de vós, e vós tendes uma imagem a respeito de mim, naturalmente não nos vemos um ao outro como realmente somos. O que vemos são as imagens que formamos um do outro, as quais nos impedem o contato, e é por essa razão que nosso relacionamento não funciona bem.

Quando digo que vos conheço, quero dizer que vos conheci ontem. Não vos conheço realmente, agora. O que conheço é só a imagem que tenho de vós. Essa imagem é constituída pelo que dissestes em meu louvor ou para me insultardes, pelo que me fizestes; é constituída de todas as lembranças que tenho de vós; e vossa imagem relativa a mim é constituída da mesma maneira, e são essas imagens que estão em relação e nos impedem de comungar realmente um com o outro.

Duas pessoas que viveram em comum por muito tempo têm imagens uma da outra, que as impedem de estar em relação. Se compreendemos as relações, podemos cooperar, mas não há possibilidade de cooperação através de imagens, de símbolos, de conceitos, ideologias. Só quando compreendemos a verdadeira e mútua relação entre nós, há possibilidade de amor, mas o amor é negado quando temos imagens. Por conseguinte, importa compreenderdes, não intelectualmente porém realmente, em vossa vida diária, como formastes imagens a respeito de vossa esposa, de vosso marido, de vosso vizinho, de vosso filho, de vossa pátria, vossos políticos, vossos deuses; nada mais tendes senão imagens."

- Jiddu Krishnamurti - Liberte-se do Passado.

Texto completo: http://goo.gl/OtNbvt
 


O mundo aceita e segue o caminho tradicional. A causa primária da desordem em nós existente é estarmos buscando a realidade prometida por outrem; mecanicamente seguimos todo aquele que nos garante uma vida espiritual confortável. É um fato verdadeiramente singular esse que, embora em maioria sejamos contrários à tirania política e à ditadura, interiormente aceitamos a autoridade, a tirania de outrem, permitindo-lhe deformar a nossa mente e a nossa vida. Assim, se de todo rejeitarmos, não intelectual, porém realmente, a autoridade dita espiritual, as cerimônias, rituais e dogmas, isso significará que estamos sozinhos, em conflito com a sociedade; deixaremos de ser entes humanos respeitáveis. Ora, um ente humano respeitável nenhuma possibilidade tem de aproximar-se daquela infinita, imensurável realidade.

Começais agora por rejeitar uma coisa que é totalmente falsa - o caminho tradicional - mas, se o rejeitardes como reação, tereis criado outro padrão no qual vos vereis aprisionado como numa armadilha; se intelectualmente dizeis a vós mesmo que essa rejeição é uma ideia importante, e nada fazeis, não ireis mais longe. Se entretanto a rejeitardes por terdes compreendido quanto é estúpida e imatura, se a rejeitais com alta inteligência, porque sois livre e sem medo, criareis muita perturbação dentro e ao redor de vós, mas vos livrareis da armadilha da respeitabilidade. Vereis então que cessou o vosso buscar. Esta é a primeira coisa que temos de aprender: não buscar. Quando buscais, agis, com efeito, como se estivésseis apenas a olhar vitrinas.

Jiddu Krishnamurti - Liberte-se do Passado.

Texto completo: http://goo.gl/CW3TD
 
As revoluções fundamentais são produzidas pela massa, ou são elas iniciadas por uns poucos indivíduos de visão que, pelo seu verbo e sua energia, influenciam grande número de pessoas? É assim que nascem as revoluções. Não é um erro julgar que nós, como indivíduos, nada podemos fazer? Não é um engano supor que todas as revoluções fundamentais são produzidas pela massa? Porque supomos que os indivíduos não têm importância como indivíduos? Com esse modo de ver, nunca pensaremos por nós mesmos, e reagiremos sempre automaticamente. A ação é sempre da massa? Ela não brota essencialmente do indivíduo, comunicando-se, depois, de indivíduo a indivíduo? Não existe realmente essa coisa chamada massa. Afinal de contas, a massa é uma entidade constituída de pessoas que estão enredadas, hipnotizadas por palavras, por certas idéias. Quando não estamos hipnotizados por palavras, estamos à margem da corrente - coisa de que nenhum político haveria de gostar. Não deveríamos manter-nos à margem da corrente e tirar dela outros indivíduos, em número crescente, para, dessa maneira, influir na corrente? Não importaria muito que, em primeiro lugar, se realizasse uma transformação fundamental no indivíduo, que antes de tudo vós e eu nos transformássemos radicalmente, em vez de esperarmos que todo o mundo se transforme? Não é uma concepção "escapista", uma forma de indolência, uma maneira de fugir ao problema, supor que vós e eu somos incapazes de influir, por pouco que seja, na sociedade como um todo?

Autor: Krishnamurti - O que estamos buscando?

http://www.krishnamurti.org.br/?q=node%2F387
 


O que importa é observar sua própria mente sem julgamento.

"Estamos interessados na compreensão da mente; e na compreensão não há condenação, nem exigência de um padrão de ação. Você está simplesmente observando; e a observação é negada quando você de preocupa com um padrão de ação, ou simplesmente explica a inevitabilidade de uma vida de escravidão. O que importa é observar sua própria mente sem julgamento – apenas olhar para ela, vê-la, ficar cônscio do fato que sua mente é uma escrava, e não mais; porque essa própria percepção libera energia, e é esta energia que vai destruir a escravidão da mente. Mas se você simplesmente pergunta, “Como vou me libertar de minha escravidão à rotina, do meu medo e tédio na existência diária?”, nunca vai liberar esta energia. Estamos interessados apenas em perceber o que é; e é a percepção do que é que vai liberar o fogo criativo. Você não pode perceber se não faz a pergunta correta e uma pergunta correta não tem resposta, porque ela não precisa de resposta. São as perguntas erradas que invariavelmente têm respostas. O impulso por trás da pergunta correta, sua própria urgência, traz a percepção. A mente perceptiva está viva, em movimento, cheia de energia, e só tal mente pode compreender o que a verdade é. Mas a maioria de nós, quando nos encontramos face a face com um problema deste tipo, invariavelmente buscamos uma resposta, uma solução, o “o que fazer” é muito fácil, leva a mais infortúnio, mais miséria. Esse é o caminho dos políticos. Esse é o caminho das religiões organizadas, que oferecem uma resposta, uma explicação; e tendo encontrado, a chamada mente religiosa fica satisfeita. Mas nós não somos políticos nem somos escravos de religiões organizadas. Estamos agora examinando os caminhos de nossas próprias mentes, e para isso não deve haver medo. Para descobrir sobre si mesmo, o que a pessoa pensa, o que a pessoa é, as extraordinárias profundezas e movimentos da mente – apenas para estar cônscio de tudo isso - é preciso certa liberdade."

- Jiddu Krishnamurti -

http://www.jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20120517.php?t=Mind
 
Conforto é uma coisa e verdade outra.

Conforto é uma coisa e verdade outra; eles estão distantes um do outro. Se você busca conforto, pode encontrá-lo numa explicação, numa droga ou numa crença; mas será temporário, e mais cedo ou mais tarde você terá que começar novamente. E existe tal coisa como conforto? Pode ser que primeiro você tenha que ver este fato: que uma mente que busca conforto, segurança, estará sempre em sofrimento. Uma explicação satisfatória, ou uma crença reconfortante, pode colocá-lo calmamente para dormir; mas é isso que você quer? Isso vai varrer seu sofrimento? O sofrimento é para ser afastado pelo sono induzido?

Jiddu Krishnamurti - Commentaries On Living, Series III, Chapter 13.

http://www.jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20121017.php
 
Será que precisamos de uma crença de qualquer tipo, e se precisamos, por que isso é necessário? Nós não precisamos de uma crença de que exista luz do sol, as montanhas, os rios. Nós não precisamos de uma crença para discutirmos com nossasesposas. Nós não precisamos ter uma crença de que a vida é uma miséria terrível com a sua angústia, conflito e ambição constante, porque isso é um fato. Mas exigimos uma crença quando queremos fugir de um fato para uma irrealidade.

- J. Krishnamurti, The Book of Life.

http://www.jkrishnamurti.org/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20120209.php
 
Porque buscamos e que é que queremos achar?

"No buscar, há a entidade que busca, e a coisa buscada, portanto, dualidade. E que poderá achar o "eu" que busca? O que ele achar estará de acordo com seu condicionamento. Se um indivíduo é cristão, achará o que sua cultura e a respectiva propaganda lhe ensinou; se é hinduísta, achará o que a cultura hinduísta lhe ensinou, e assim por diante. Dessarte, em conformidade com vossa cultura, vosso condicionamento, vossos conhecimentos, ides descobrir o que chamais Verdade, Felicidade, etc. Por conseguinte, o passado vai buscar, no futuro, uma certa coisa já determinada. Não haverá, pois, descobrimento da verdade e, sim, um descobrimento feito consoante o passado, ou seja de acordo com o conhecimento, a experiência, a memória.

Portanto, a mente que deseja perceber o verdadeiro deve estar livre do passado, de seu condicionamento. Isto é, se sois hinduísta, deveis achar-vos inteiramente livre de todo condicionamento conceptual, de toda tradição. Do contrário, descobríreis o que a tradição dita, o que a tradição vos manda achar. Assim, para perceber o verdadeiro, a mente deve estar livre de todo o seu condicionamento, de sua particular cultura, livre de toda e qualquer crença. Porque toda crença se baseia no desejo de consolação, de segurança, ou no medo. Vós não credes que o Sol se erguerá amanhã; sabeis que ele se erguerá. Só a mente que, vendo-se incerta e confusa, busca segurança e consolação, crê. Deveis, pois, estar totalmente livre de crenças, vale dizer, livre de conclusões e ideais."

- Krishnamurti - Nova Deli, 20 de dezembro de 1970.
Do livro: O Novo Ente Humano - ICK

Texto completo:http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/2012/08/liberdade-mental.html

 
Qual a finalidade da vida?

“Qual é a significação de nossa vida, da vossa e da minha, independentemente dos filósofos? Ela tem alguma significação, ou lhe estamos dando significação pela crença, tal como faz o intelectual que se torna católico, isto ou aquilo, encontrando assim um abrigo? Como seu intelecto reduziu tudo a cacos, ele se vê agora sozinho, desamparado, etc., e não podendo suportar tal estado, necessita de uma crença, no catolicismo, no comunismo, em qualquer coisa que lhe dê alento e dê significação à sua vida.”
“Agora, pergunto a mim, mesmo: Por que razão queremos uma finalidade? E que significa viver sem finalidade alguma? Compreendeis? Sendo a nossa vida vazia, atribulada, triste, precisamos dar-lhe uma significação. E há possibilidade de ficarmos cônscios de nosso vazio, nossa solidão, nossos sofrimentos, todas as tribulações e conflitos de nossa existência, sem darmos, artificialmente, um significado à vida? Podemos estar cônscios dessa coisa extraordinária que chamamos a vida — que significa ganhar o próprio sustento, que significa inveja, ambições e desenganos — estar cônscios, simplesmente, de tudo isso, sem condenação ou justificação, e passar além? A mim me parece que, enquanto estivermos procurando ou dando uma significação à vida, estaremos perdendo algo de extraordinariamente vital. O mesmo acontece com o homem que quer achar a significação da morte e está constantemente empenhado em racionalizá-la, explicá-la, e impedido, assim, de “experimentar” o que é a morte.”

Krishnamurti – 13 de agosto de 1955 – Ojai (Califórnia) U.S.A.

http://www.krishnamurti.org.br/?q=node%2F498
 
"O sentido da vida é estar vivo. É tão claro, tão óbvio e tão simples. Mesmo assim, todo mundo não para de correr em pânico, como se fosse necessário conseguir alguma coisa além de si próprio."

- Alan Watts
J.Krishnamurti - 'No presente está a totalidade do tempo' 
- Washington, 1985 - 1° Parte:

http://www.youtube.com/watch?v=rsL7TXvXy60
J.Krishnamurti - 'No fim do sofrimento está a paixão' 
- Washington, 1985 - 2° Parte:

http://www.youtube.com/watch?v=EPwuLM7N4Wo
Quando há instrutor e discípulo, não há exploração?

"Há a exploração da terra: utilizamo-la, cultivamo-la, cavamos minas, a fim de colher os produtos terrestres para benefício do homem. Esta é uma espécie de exploração. E há a outra espécie, que é a exploração do estúpido pelo inteligente, do fraco pelo forte. O político esperto, o sacerdote sagaz, o líder astuto, o santo perspicaz - todos têm sua ideia de como deve ser a sociedade, sua ideia sobre moral, sobre virtude, e tiram proveito dessa ideia, com sua maneira de viver, sua maneira de falar, etc.; e os estúpidos, os iletrados, os irrefletidos os seguem. Assim, em que nível nos colocamos ao falar de "exploração"? Compreendeis, senhores? Quando um homem diz: "Encontrei Deus; sei o que isso significa" - e ficais muito interessados em conseguir a mesma coisa, não há dúvida que ele vos explora. O chamado líder espiritual supõe conhecer o Mestre e vós não o conheceis, e, assim, o seguis, porque desejais algo que julgais que ele tem, ou algo que ele promete. Por outras palavras, sois explorados "para vosso próprio bem".
Assim, quando um homem "sabe" ou diz que "sabe", e outro diz: "Eu não sei, ensinai-me", não existe exploração na relação entre os dois? Entendeis, senhores? Quando há instrutor e discípulo, não há exploração? Se digo: "Eu sei, eu experimentei", e vós dizeis que não sabeis, mas desejais ter essa mesma experiência, qualquer que ela seja, não vos colocasses na situação de ser explorados por mim?"

Krishnamurti - 12 de dezembro de 1956.
Do livro: O HOMEM LIVRE - Editora Cultrix

Texto completo:http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2010/02/ser-livre.html
 
O OBSERVADOR É A CONSCIÊNCIA PURA

Existe um método simples para parar essa peregrinação, que é começar a observar sua mente, seu corpo, suas ações. O que quer que você esteja fazendo ou não fazendo, você tem que estar alerta de uma coisa - que você está observando. Não perca o observador - então não importa se você é um Cristão ou um Hindu ou um Jainista ou um Budista.

O observador não é ninguém. É somente consciência pura.

E somente esta consciência pura pode trazer uma nova humanidade, um novo mundo, onde as pessoas não irão discriminar uma contra a outra por razões estúpidas. Nações, raças, religiões, doutrinas, ideologias - são coisas somente para crianças brincarem com elas, não para pessoas maduras. Para pessoas amadurecidas há somente uma coisa na existência; e isso é vigilância.

- Osho
Como funcionar sem sermos escravos.

A mente consciente é aquela que se ocupa com os acontecimentos diários da vida; é a mente que aprende, que se adapta, que adquire uma técnica, seja ela científica, médica ou burocrática. É a mente consciente do homem de negócios que se torna escrava do trabalho que ele deve fazer. A maioria das pessoas está ocupada das nove às cinco, quase todos os dias da sua existência, ganhando a vida; e quando a mente despende tanto da sua vida adquirindo e praticando uma técnica, seja ela a de um mecânico, de um cirurgião, de um engenheiro, de um homem de negócios, ou o que quiserem, naturalmente torna-se escrava dessa técnica. Penso que isso é razoavelmente óbvio. Tal como a dona de casa é escrava do lar, do marido, do cozinhar para os seus filhos, assim é o homem escravo do seu emprego; e são ambos escravos da tradição, do costume, do conhecimento, conclusões, crenças, das maneiras condicionadas do seu próprio pensar. E aceitamos esta escravidão como inevitável. Nunca indagamos para descobrir se conseguimos funcionar sem sermos escravos. Tendo aceitado a inevitabilidade de ganhar a vida, também aceitamos como inevitável a escravidão da mente, os seus medos, e assim fazemos girar a roda da nossa existência quotidiana.
Temos de viver neste mundo – essa é a única coisa inevitável na vida. E a questão é, certamente, se não podemos viver neste mundo com liberdade.

- J.Krishnamurti

http://www.jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20110418.php
 
A liberdade não implica escolha. 

Pensamos que somos livres se pudermos escolher. Não sei se alguma vez você já investigou a questão da escolha. Tem uma vasta seleção à sua frente – os vários professores, yogis, filósofos, cientistas, psicólogos, analistas – bombardeando a sua mente, constantemente, dia sim dia não. E desta seleção você vai escolher quem você pensa que deve seguir, quem você pensa que deve ouvir…
E a sua escolha está baseada na sua confusão, naturalmente, de seguir, ouvir aquele mestre, aquele guru, aquele filósofo, portanto você começa a depender de si mesmo, pensando que é livre de escolher. O antecedente da escolha é invariavelmente a confusão. Não fica confuso quando escolhe? Não fica indeciso quando seleciona um entre todos esses? Portanto a sua escolha é essencialmente o resultado da confusão.

- J.Krishnamurti - Reflections on the Self, pp 182-83

http://www.jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20110420.php