quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Quando há instrutor e discípulo, não há exploração?

"Há a exploração da terra: utilizamo-la, cultivamo-la, cavamos minas, a fim de colher os produtos terrestres para benefício do homem. Esta é uma espécie de exploração. E há a outra espécie, que é a exploração do estúpido pelo inteligente, do fraco pelo forte. O político esperto, o sacerdote sagaz, o líder astuto, o santo perspicaz - todos têm sua ideia de como deve ser a sociedade, sua ideia sobre moral, sobre virtude, e tiram proveito dessa ideia, com sua maneira de viver, sua maneira de falar, etc.; e os estúpidos, os iletrados, os irrefletidos os seguem. Assim, em que nível nos colocamos ao falar de "exploração"? Compreendeis, senhores? Quando um homem diz: "Encontrei Deus; sei o que isso significa" - e ficais muito interessados em conseguir a mesma coisa, não há dúvida que ele vos explora. O chamado líder espiritual supõe conhecer o Mestre e vós não o conheceis, e, assim, o seguis, porque desejais algo que julgais que ele tem, ou algo que ele promete. Por outras palavras, sois explorados "para vosso próprio bem".
Assim, quando um homem "sabe" ou diz que "sabe", e outro diz: "Eu não sei, ensinai-me", não existe exploração na relação entre os dois? Entendeis, senhores? Quando há instrutor e discípulo, não há exploração? Se digo: "Eu sei, eu experimentei", e vós dizeis que não sabeis, mas desejais ter essa mesma experiência, qualquer que ela seja, não vos colocasses na situação de ser explorados por mim?"

Krishnamurti - 12 de dezembro de 1956.
Do livro: O HOMEM LIVRE - Editora Cultrix

Texto completo:http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2010/02/ser-livre.html
 

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