quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pergunta: Acredita no Comunismo, conforme compreendido pelas massas?

Krishnamurti: Não sei o que as massas compreendem, portanto não o posso explicar. Então o que é isso, afinal? Vamos olhar para isso, não do ponto de vista de qualquer “ismo”, mas do ponto de vista da condição humana comum. Como pode existir verdadeira compreensão dos povos quando se consideram Novo Zelandeses, e eu me considero um Hindu? Como podemos contactar uns com os outros? Como pode haver uma relação vital entre nós, uma compreensão humana entre nós? Ou, se nos dividirmos por rótulos, vocês denominando-se Cristãos e eu Hindu, com determinados preconceitos, dogmas, credos, como poderá haver verdadeira fraternidade? Podemos falar de tolerância, que é uma invenção intelectual para os manter onde estão e para me manter onde estou, e tentarmos ser amistosos. Isto não significa que eu esteja a falar de uniformidade; agora há uniformidade. Vocês são todos de uma crença, de um ideal, de um dogma, embora possam variar nessa prisão, pintando cada barra diferentemente; mas é uma prisão, e vocês querem preservar a vossa prisão com as suas decorações, e os Hindus querem conservar as suas prisões com as suas decorações, e tentam ser fraternos, e a esta fraternidade chama-se tolerância. Ao passo que, para mim, toda esta ideia é a própria negação da verdadeira compreensão, da unidade humana. Portanto através do processo do tempo, podem ser levados, como tantos escravos, a aceitar o Comunismo, conforme aceitam agora o Capitalismo; e nessa força de serem conduzidos, não pode haver ação voluntária, tal como agora não pode haver acção voluntária. Portanto, se aceitarem meramente qualquer um dos dois, e viverem em qualquer um dos dois, certamente que não estão a ser criativamente individuais. São apenas como cordeiros, sejam cordeiros capitalistas ou cordeiros comunistas, conduzidos pelo meio, pela situação, forçados a aceitar. Com certeza que uma coisa assim não é moral; uma coisa assim não é rica ou espiritual, verdadeira. E eu afirmo que a verdadeira condição humana só pode acontecer quando vocês, como indivíduos, fizerem estas coisas voluntariamente, porque vêem nisto a necessidade, a imensa profundidade – não apenas a excitação superficial. Então haverá a possibilidade de os indivíduos viverem criativamente, completamente; não quando são conduzidos.

Fonte: http://goo.gl/9kxSl




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